terça-feira, 29 de março de 2011



No Cordel sobre o RIO OITICICA o poeta denúncia a morte de um dos oásis de seu tempo de infância.
Leia que versos lindos





O RIO OITICICA
AGONIZA EM SILÊNCIO.

Autor: Vaumirtes Freire


Os rios são caminhos
De água onde há vidas
Levam e trazem farturas
Para muita gente sofrida
O peixe a fome mata,
O verde a tinta da mata
Onde aves buscam guaridas.

Quando ainda não existiam
Estradas para o sertão
O rio era o caminho
Para adentrar o desertão
Assim surgiram as cidades
Ribeirinhas em toda parte
Desta nossa grande nação.

Neste versos ele denúncia a morte do rio
Mas é no Sinhá Sabóia
Que o meu rio agoniza
Em silêncio, ajoelhado
Do progresso leva pisa
Quem passa pela ponte
Só olha pro horizonte
Da gente ele precisa.

O Rio Oiticica, antigamente
Era o Point da criançada
Que brincavam de “Cangapés”
Ao som da passarada
E oiticicas com as folhagens
Uniam as duas margens
Todas elas abraçadas.

Estes versos falam de sua época de infância no rio

A marreca sobre as águas
Assanhava o rio, ao voar
Assustando os caçadores
E outros pássaros do lugar
E nós meninos, só alegria
Vivíamos naquela alegria
Sem o medo dela acabar.

Descreve aqui como era o rio antigamente.

Às vezes pegávamos peixes
Com anzol e isca de pão
Era apenas um passatempo
Uma grande diversão
E soltávamos novamente
Aquele peixinho inocente
Tamanha nossa compaixão.

Nós fazíamos os cavaletes
Dos troncos das carnaubeiras
Que desciam esquartejadas
E paravam nas ribanceiras
Era a nossa balsa linda
Que eu me lembro ainda
Naquelas tardes fagueiras.

Comíamos as carnaúbas
Que as aves desbulhavam
Do alto das carnaubeiras
Onde elas se alimentavam
E os aguapés, então
Nós catávamos bem muitão
E eles nos perfumavam.


Aqui mostra como se deu a tortura do rio
.Mas o tempo, tão ingrato
Tirou de nós a inicência
E os meninos que brincavam
Conheceram a tal violência
Do progresso que chegou
E as oiticicas arrancou
Com tamanha prepotência.

Arrancaram pelas raízes
Foram todas esquartejadas
Viraram lenhas pra foqueiras
Sendo logo carbonizadas
Não sobrou uma sequer
Que ficasse ali de pé
Para abrigar a passarada.

Aqui mostra o culpado

O rio ficou triste
E aos pouco adoeceu
E com o passar dos anos
Veja só o que aconteceu
A CURTMASA, um curtume
Tirou dele seu perfume
E sus água apodreceu.

Ela criminosamente
Seus produtos despejou
Por maldade no rio
E fauna e flora matou
E nas copas das matas
Nem nas partes mais altas
Nenhum pássaros restou.

Este cordel já foi tema em várias palestra sobre o meio ambiente.

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