domingo, 6 de novembro de 2011

O VELHO DO ESPELHO

"Papai e mamãe"
"...E Quando estou pensativo em meu silêncio, surgem na minha testa mais duas rugas batendo as asas como de fossem pássaros voando, talvez sejam nelas que o tempo voa."

_______________ Hoje acordei e percebi que a vida havia se passado tão rápida. Lembrei do meu avô paterno Vicente Gomes quando lhe questionei por que eu não completava dezoito anos e ele me disse: "A vida só demora até os vintes, depois ela passa correndo, numa velocidade tão grande que quando você se olhar no espelho vai se assustar ao ver um velho triste olhando para você." Então, hoje e todos os dias que completo ano vou ao encontro do velho do espelho. Ainda não o encontrei, mas já percebi que já não sou mais aquele jovem de dezoito anos, cuja cabeleira ala Sidney Magal, já não existe mais, foram ficando na estrada de meus dias, dando lugar a uma calvície características dos Gomes - família de meu pai de quem a herdei. o sei se ainda existe naquele olhar que vi no espelho o mesmo encanto pelo mundo, pelas pessoas, mas com certeza ainda há uma luz de esperança naqueles olhos que continuam o mesmo, embora que um pouco silencioso, como se esperasse a qualquer momento ouvir o que tanto sonho- Minha pequena Deborah falar: papai. Enquanto me barbeava, tentei decifrar cada ruga esculpida em meu rosto. Uma delas descrevia as minhas noites acordadas nos leitos dos hospitais ao lado de Déborah, e as outras duas eram cicatrizes de tantos sorrisos que Déborah e Barbarah me causaram por existirem. E Quando estou pensativo em meu silêncio, surgem na minha testa mais duas rugas batendo asas como de fossem pássaros voando talvez sejam nelas que o tempo voa. Relembro-me de tudo isso quando completo ano, é como se eu voltasse ao útero de mamãe e renascesse, e hoje não podia ser diferente. Antes de terminar de me barbear ainda dei uma última olhada naquele quase quarentão e sorri para os fios de lã que já surgem nevoando as madeixas castanhas claros. No queixo se percebe aqui e ali flocos de neves deixado pelo tempo que a cada ano se aglomeram mais ainda . Aquele menino que tinha como robby ler e escrever poesias ao vento e aquele rapaz que na face de Dom Juan naufragou nas paixões proibidas, havia se transformado num homem experiente e com uma vida já definida. Deixou para trás as ilusões e dissolveu no tempo alguma frustração superadas pela a nova visão descortinada no topo de cada aniversário. "Ei.! Vovô se Deus permitir eu veja o velho do espelho" Pois quero me aborrecer com a bagunça dos meus netos e quem sabe ver, na imagem envelhecida, você novamente, pois percebo que já começo a desenhar em mim, o rosto de meu pai, um anjo envelhecido que nunca esqueço e de quem sinto muita saudade.
_________________ Esta crônica eu escrevi no dia do meu aniversário, HÁ MAIS DE DEZ ANOS e republico todos os anos, pois é uma maneira de fazer as pessaos meditarem na vida que passa lentamente e muitos de nós não percebemos.
E como diz o grande poeta Renato Russo ' É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã."