segunda-feira, 9 de março de 2015

POETAS REPENTISTAS PÁSSAROS EM EXTINSÃO


No dia 25 de agosto de 2011, em Sobral, à margem esquerda do rio Acaraú, baixou um bando de aves de arribação, não para beber, mas derramar sobre nós que estávamos de tocaia a sua espera, uma chuva de poesias.
Estes pássaros cantores são os poetas repentistas que a cada dia tem seu bando diminuído devido a seca cultural que assola nosso país. Somente nós caçadores de poesias o preservamos em nossas lembranças de um passado tão distante.
E este momento por ser tão efêmero, já passamos a sentir saudade, parece até que voltamos um pouco do passado para ser tornar eternidade. Então fiz este cordel para homenagear aqueles que fizeram um pouso na nossa Princesa do Norte.
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POETAS REPENTISTAS
PÁSSAROS EM EXTINSÃO

Autor: Vaumirtes Freire – poeta do silêncio.

I-

Na nossa fauna Brasileira
É muita rica e multi cores
E os poetas cantadores
Sobrevoam o País inteiro
Cantam em nosso terreiro
Nas entranhas deste sertão
Encantam nosso coração
Verdadeiros humoristas
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção

II-

Esta espécie, a cada dia
Tem o bando diminuído
Vez por´outra um gemido
Sai na rima da poesia
É um canto de agonia
Destas aves de arribação
Uma dor no seu coração
Lágrimas embaçam a vista
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

III-

Eles cantam nossa glória
Para muitas gerações
Falam de suas paixões
E tecem nossa memória
Recontam nossa história
Nas cordas d´um violão
E no cantar d´uma canção
A todos nós conquista
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

IV-

Nos festejos do interior
É uma atração desejada
Nas festas de vaquejadas
São chamados “Cantador”
Ou de poetas “Embolador”
E cantador de canção.
São estrelas este sertão
D´onde são seus artistas
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

V-

Calam-se os pardais
Quando um deles canta
O beija-flor se encanta
Com as canções sentimentais
O rouxinol nos frechais
Silenciam de emoção
Todas as aves do sertão
Vem ouvir estes artistas
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

VI-

O vaqueiro para de aboiar
E o gado silêncio faz
A noite se veste de paz
Sob o olhar do carcará
E dois poetas a cantar
Com as viola nas mãos
Dedilham uma canção
São grandes romancistas
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

VII-

Nós precisamos preservar
Este bando tão pequeno
É uma gota do sereno
Que acabou de gotejar
Um coração a pulsar
Nas cordas d´um violão
Uma viola por coração
Onde o mundo se conquista
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

VIII-

Eles duelam sem violência
Tem por arma uma viola
O mundo é sua escola
E os versos sua ciência
Poemas de inocência
De amor, dor e paixão
Cantam em caminhão
De carona com motorista
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

IX-

A asa branca já não voa
Em bandos pela caatinga
E a chuva já não pinga
Uma só gota na lagoa
Os remos sem a canoa
É uma doce solidão
Um poeta sem violão
E nós sem estes artistas
Estes poetas repentistas
São pássaros em extinção.

X-

Eu escrevo neste papel
Por não ser um repentista
Sou poeta cordelista
Um amante do cordel
Da poesia, um bacharel
Mas sem viola na mão
Se preciso, escrevo no chão
Mas sou muito realista
Pois também to na lista
Dos pássaros em extinção.
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Dedico este poema alado a todos os poetas, que apesar
do longo período estiagem cultural, ainda persistem em semear suas poesias na terra seca e árida da mentes de nossos governantes.
Agradecer o prefeito Veveu por patrocinar esse noite tao agradável aos amantes da poesia.
Vaumirtes Freire- poeta do silêncio
Sobral, 19 de agosto de 2011

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