quarta-feira, 4 de maio de 2011

O AMANHÃ DEPOIS DE ONTEM



Este cordel é uma alerta a todos nós que precisamos fazer algo mais e urgente em prol da humanidade, pois o futuro já se tornou passado dado a inércia de que ficamos diante dos

problemas que ação inexorável do tempo joga aos nossos pés.

Ele narra o meu encontro com um imaginário viajante do tempo que me alerta sobre os males que o futuro nos quer dar de presente e ele me pede que alerte através de versos sobre isso.

E muito comum esperamos o futuro, porém quando ele chega, nem semp

re é um presente bom. E a realidade nos mostra de que é preciso se voltar no tempo para consertarmos algo que fizemos de errado ou simplesmente deixamos de fazer.

Então viajei no tempo e descobri que através da imaginação é possível e foi ai que percebi que O Hoje, nada mais é que o Amanhã depois de Ontem.

Leia o cordel é irá entender melhor, pois nem eu quando comecei a conversar com este passageiro do tempo estava entendendo.

Vaumirtes Freire – poeta do silêncio

Abril /2011

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O AMANHÃ DEPOIS DE ONTEM

Certa vez eu encontrei
Um homem meio esquisito
Tinha o corpo tão magro
Que parecia um mosquito
Vestia um terno escuro
Dizendo vim do futuro
Apenas pra dar um grito.
-
“Voltei para o passado
Porque precisava avisar.
Temos que fazer algo
Para o mundo não acabar,
O futuro está destruído.”
E me deixou comovido
O que se pôs a narrar.”
-
“Do futuro de onde venho
É grande a prostituição,
Jovens trocam o corpo
Pela tal droga do cão,
Crianças fora da escola
Vivem colados na cola
E tem muita corrupção.”
-
“Lá no futuro existe
Pessoas passando fome
Criança criada sem pai
Crescendo sem sobrenome
Homem virando mulher
O povo perdeu a fé...
E mulher virando homem.”
-
“Bandidos e delinqüentes
Vivem livres sem punição
Enquanto o povo honesto
Fazem do lar sua prisão
Põem grades nas janelas
Fazendo dos lares as celas
Onde cumprem detenção.”
-
“Lá fazem leis pra tudo
Só não são eficientes
Tem lei que protege
A criança e o adolescente
Essa mesma lei porém
E a mesma que também
Aplica-se aos delinqüentes.”

-
“O filho mata o próprio pai
Irmão mata o seu irmão
Mulher deixa o marido
Depois trai o Ricardão
Tem padre descomungado
Crentes sendo enganados
Por pastor canastrão.”
-
“Tem policial corrupto
Delegado que é ladrão
Juiz vendendo sentença
Tirando bandidos da prisão
Deputados se corrompendo
E o povo mesmo sabendo
Vota nele na re-eleição.”
-
“Nas câmaras municipais
Tem calangos sendo eleitos
São todos Cabos eleitorais
Sendo pagos pelos prefeitos
Por isso não pode fiscalizar
E sua conta tem que aprovar
Escondendo os seus defeitos.”
-
“A maioria do povo é
Corrupto por devoção
E o candidato honesto
É difícil ganhar eleição
E o leitor diz zangado:
“Sai daqui pé rapado
Eu quero é o mensalão.”
-
“Lá no futuro, tem político
Que sobrevive de eleição
Nunca trabalhou em nada
E é rico que nem o cão.
E o povo ainda o estima
Seu advogado é a propina
Nunca vai para a prisão.”
-
“Tem obras inacabadas
Tanto buracos no chão
Tanto dinheiro lavado
Na lama da corrupção
Tem palhaço deputado
E puta que tem dado
Para deputado ladrão.”
-
“Vim aqui para o passado
Para lhe pedir por favor
Que você então esclareça
Melhor a cada eleitor
Pois a coisa tá é feia
O pobre tá levando peia
E o político sem pudor.”
-
“E os nossos rios estão
Todos eles passando mal
Pois lá no futuro a água
Já não é mais tão mineral
A terra estão perfurando
E o seu sangue chupando
Com a mangueira do pré-sál.”
-
“E nos rios tão poluídos
A curimatã não desova
E o homem na sua ambição
Se coloca a toda prova
Vai destruindo a mata
E assim também se mata
Vai cavando a própria cova.”
-
“O homem chupa da terra
O sangue do seu coração
Desequilibrando o planeta
Causando a destruição
Aumentando os terremotos
Turfões e maremotos
Iguais aos do Japão.”
-
“Vim pedir aos homens
Que sejam mais humanos
Não destrua a natureza
Não seja este o seu plano
É preciso também preservar
O planeta pra não entrar
Todos nós pelo o cano.”
-
“Venho pedir pra vocês
Proteger o meio ambiente
Caso contrário, a dengue
Matará muitos inocentes
No futuro essa enfermidade
Aumentará a mortalidade
E muitos ficarão doentes.”
-
“A Besta fera se soltou
E ela esta desesperada
E os viciados tá matando
Todos eles à pedrada
O Crack, a droga do cão
È a maior destruição
E ninguém faz mais nada.”
-
“Vim do futuro pra cá
Pra que se tome providência
O povo vive estressado
Ninguém tem mais paciência
No trânsito o povo só berra
Se mata mais que na guerra
E é veloz a violência.”
-
“Motorista abastecido
De cervejas, pinga e cachaça
Atropelam os pedestres
Matando achando graça
Morde e não assopra
O bafômetro e desdobra
Ficando impune a desgraça.”
-
“Os programas de TV
Só falam em violência
Mostram a bunda do povo
Porque aumenta a audiência
Não tem “Sitio do pica-pau”
Só se ver gente do mau
Acabou-se a inocência.”
-
“As brincadeiras infantis
Acabaram-se também
As meninas só querem
Homens que dinheiro tem
Lá no futuro tudo acabou
E aquele olhar sonhador
Não se encontra em ninguém.”
-
“Nem o canto dos galos
Não se ouve nas matinais
Não existem os rouxinóis
Cantando entre os frechais
É raro ver um beija-flor
Só espinho, lá restou
Nem flor existe mais.”
-
Ele parou um minuto
E depois voltou a falar.
Disse:” Meu amigo poeta
Tu precisas me ajudar
Faça meu pedido em verso
Salve o nosso Universo
Una os versos ao “Cordelar.”
-
Perguntei ao viajante
Quantos anos ele voltou
Ao passado para falar
Ele então, me confessou:
“O hoje já é passado
Estamos todos atrasados
E o futuro já chegou.
-
Entendi sua mensagem
Então fiz esta poesia
Pois o futuro se faz hoje
Não sei se você sabia.
Mas o futuro é tão reto
Por isso está tão perto
Separado por um só dia.


F1M

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Coleção: "De Repente o Brasil Muda." Vaumirtes Freire

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